O papel do solo no ciclo do carbono tem ganho crescente relevância no atual contexto de alterações climáticas. Globalmente, o solo armazena mais carbono do que a atmosfera e a biomassa terreste. A gestão do solo pode determinar a sua ação como sumidouro ou como emissor de gases com efeito de estufa. Os solos agrícolas e pastagens em Portugal têm registado uma diminuição das emissões de gases com efeito de estufa ao longo nas últimas décadas. Torna-se necessário continuar e ampliar este efeito e transformar o solo num sumidouro de carbono, sendo esta função do solo esperada e necessária para atingir a planeada neutralidade carbónica em 2050.
Se o aumento de matéria orgânica dos solos agrícolas em Portugal se evidencia cada vez mais como fundamental em termos de regulação do clima, este tem vindo a ser um desafio de gestão de longa data. No entanto, os solos em Portugal continuam a apresentar valores médios de matéria orgânica baixos, situação que se tende a acentuar com o processo de desertificação.
Numa época em que o regadio tem sofrido forte impulso, quer como forma de suprir as necessidades alimentares de uma população mundial em permanente crescimento, quer como forma de resposta às alterações climáticas que colocam o Sul da Europa como uma região em elevado risco de desertificação, convém analisar os impactos edáficos desta prática, nomeadamente no que respeita ao teor de matéria orgânica bem como no que respeita aos riscos de salinização e de outras formas de degradação do solo.
Propõe-se o EACS 2021 como um fórum privilegiado de apresentação e discussão de formas de gestão integradas do solo e água em sistemas agrícolas, florestais e agroflorestais que contribuam para prevenir a degradação do solo, diminuir os impactos das alterações climáticas e assegurar a sustentabilidade dos sistemas.